Amigos da Terra – Amazônia Brasileira publica relatório de atividades de 2023
Nesta quinta-feira (18), a Amigos da Terra – Amazônia Brasileira divulgou seu relatório de atividades de 2023. O documento visa proporcionar transparência às ações e compartilhar os desafios e oportunidades vividos pela equipe ao longo do ano passado.
O ano de 2023 foi marcado pela transição de governo, que reassumiu as pautas ambientais como prioridade. No dia da posse, Luiz Inácio Lula da Silva, eleito para o terceiro mandato, levou ao se lado, para subir a rampa pela primeira vez, um indígena: o cacique Raoni.
No entanto, em 8 de janeiro, a democracia sofreu um ataque quando cerca de 4 mil pessoas invadiram os prédios do Governo Federal, incluindo o Congresso, o Palácio do Planalto e o Palácio do Supremo Tribunal Federal. A Amigos da Terra – Amazônia Brasileira repudiou a ação e adotou como parte de seus valores a defesa da democracia afirmando que o Estado de Direito e suas instituições “como sendo ferramentas para o desenvolvimento socioambiental sustentável”.
Ao longo de anos anteriores, a Amigos da Terra estabeleceu fortes laços com governos estaduais e outros órgãos, como por exemplo, o Ministério Público Federal de alguns estados, visando construir soluções para o desmatamento zero, mas em 2023 com a abertura para diálogo com as organizações ambientais também pelo governo federal, a organização saudou importantes nomes que passaram a compor a nova gestão como Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas e Sônia Guajajara, que assumiu o recém-criado Ministério dos Povos Indígenas (MPI).
Acreditando em uma produção de commodities que não dependa do desmatamento da Amazônia, o Programa de Cadeias Agropecuárias, que compõe a câmara técnica do TAC da Carne, apoiou a divulgação do 1º ciclo unificado de auditorias da cadeia produtiva da pecuária em seis estados da Amazônia Legal (Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Tocantins e Rondônia). Pela primeira vez, os dados foram unificados, envolvendo diferentes estados do bioma.
As discussões sobre a pecuária na Amazônia foram até os Emirados Árabes, quando na Conferência do Clima (COP28) a organização participou de uma mesa sobre pecuária regenerativa, bem como da mesa que discutiu o papel do Legislativo e do Judiciário brasileiro na aplicação do Código Florestal. Além disso, acompanhou as discussões climáticas, que tinham como foco o financiamento climático e a tomada de ações para a redução de emissões.
O clima começou a cobrar a conta das mudanças climáticas no ano de 2023, enquanto o Painel das Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) decretava que uma mudança de rota, nas emissões de gases que causam o aquecimento global, era imperativa. Chuvas intensas e recordes de calor foram anunciadas pela imprensa no decorrer do ano.
Enquanto isso, os povos tradicionais, principalmente indígenas, reforçaram a importância da defesa dos territórios tradicionais como estratégia para conservação do meio ambiente e mitigação dos impactos climáticos. Por isso, na aldeia Piaraçu ecoou o chamado do Cacique Raoni, evento que a Amigos da Terra apoiou e mobilizou entre indígenas e não indígenas mais de mil pessoas. A organização também esteve presente no Acampamento Terra Livre, quando o presidente Lula e ministras divulgaram a retomada das demarcações de terras indígenas, paralisadas pela gestão anterior.