Desmatamento na Amazônia em fevereiro aumentou 61% e no Cerrado 99%
O desmatamento nos biomas Amazônia e Cerrado bateu recordes no mês de fevereiro de 2023.A área desmatada na Amazônia Legal foi de 322 km2, segundo o DETER (INPE), um aumento de 62% em relação ao mesmo período do ano passado e de 93% em relação ao mês de janeiro de 2023. A área de desmatamento registrada para o mês de fevereiro foi a maior da série histórica desde 2015.
No Cerrado, a área desmatada em fevereiro foi ainda maior, no total o DETER registrou um total de 558 km2 desmatados. Desde o início da série histórica registrada pelo INPE em 2018, o dado para o mês de fevereiro é disparadamente o maior, representando um aumento de 99% em relação a fevereiro do ano passado e de 26% em relação ao mês de janeiro deste ano, que também já vinha em uma tendência de alta.
“É urgente que os planos do governo para o combate ao desmatamento saiam do papel o mais rápido possível para a efetivação das políticas de proteção ambiental e fortalecimento dos órgãos de fiscalização e controle e que o Cerrado seja priorizado pois se deixar a dinâmica do desmatamento ganhar velocidade o estrago será a longo prazo. Além disso, é necessário o engajamento de todos os setores da sociedade, incluindo empresas, organizações da sociedade civil e a população em geral, na busca por soluções sustentáveis para os biomas”, afirma Mauro Armelin, diretor executivo da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
O governo brailsiero anunciou a retomada do Fundo Amazônia e do Plano de Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, mas para Mauro, o esforço para reverter a situação exigirá inovação e trabalho cojunto. “Depois de quatro anos se consolidando, sendo estimulado pelo governo anterior e tendo condições facilitadas, será necessário criatividade e tecnologia para combater a ilegalidade e adotar melhores práticas agrícolas e soluções inovadoras para o uso sustentável da terra. Só então poderemos esperar fazer progressos significativos na luta contra o desmatamento”, afirma.
Ele lembra ainda que agilidade é fundamental para que o país continue recebendo o apoio internacional. “Há ainda que se considerar que com a retomada do Fundo Amazônia, o governo brasileiro precisará demonstrar os resultados na redução dos índices para continuar recebendo o apoio internacional na defesa e proteção ambiental”.
Geografia do Desmatamento
Na Amazônia, o estado do Mato Grosso concentrou 50% da área total desmatada no bioma (162 km2), permanecendo em primeiro lugar entre os estados que mais desmataram desde janeiro. Atrás dele, nos estados do Pará e Amazonas foram registrados 46 km2 desmatados, seguidos por Roraima, com 31 km2 e Rondônia (28 km2). No ranking dos 10 municípios que mais desmataram no mês de fevereiro, 7 são matogrossenses. Feliz Natal-MT ficou em primeiro lugar, registrando uma área desmatada de 34 km2, seguido por Porto dos Gaúchos-MT (19 km2), Apuí-AM (15 km2), Juara-MT e Querência (14 km2).
Em relação ao desmatamento em áreas protegidas, novamente a Floresta Nacional do Tapajós-PA ocupou o primeiro lugar, com 6 km2 desmatados em fevereiro, uma área 6 vezes maior do que a registrada em janeiro deste ano.
Cerrado
O desmatamento do Cerrado no período se concentrou na região conhecida como Matopiba. A Bahia ficou em primeiro lugar com 271 km2 desmatados, seguida pelos estados de Piauí, Tocantins e Maranhão, onde o DETER registrou 70 km2, 69 km2 e 54 km2 de desmatamento, respectivamente.
No ranking de municípios com maiores áreas desmatadas a liderança foi também dos municípios baianos – São Desidério, Jaborandi, Barreiras, Correntina e Cocos – os quais ocuparam os primeiros cinco lugares.