Desmatamento no Cerrado atinge nível alarmante e na Amazônia registra queda em abril
Em abril 782 quilômetros quadrados de Cerrado foram desmatados, o número representa um aumento de 31% em relação ao mesmo período do ano passado e de 84% em relação a março deste ano. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam a maior área desmatada no mês desde o início da série histórica, em 2019.
O dado mensal, que já chama a atenção de forma isolada, acende um alerta ainda maior para o bioma quando agregado aos primeiros meses deste ano. Em apenas quatro meses 2.206 km2 de Cerrado foram devastados em 2023, um aumento de 17% em relação ao mesmo período de 2022 (1886 km2), ano com taxa recorde de desmate neste bioma.
“Quando falamos sobre desmatamento as atenções sempre se voltam para a Amazônia, deixando o Cerrado em segundo plano. Há anos nós e outras organizações ambientais alertam sobre a pressão que a região do Matopiba sofre. É realmente lamentável ver as piores previsões se concretizando para a região e ainda assim, o bioma ser considerado secundário nas políticas de controle de origem adotadas por mercados nacionais e internacionais”.
A região Matopiba respondeu por 82% ou 641 km2 da área desmatada no período. Dentre os estados abrangidos pelo Cerrado com maiores taxas de desmate, a Bahia ocupou novamente a primeira posição (225 km2), seguida pelo Maranhão (203 km2), Tocantins (167 km2), Piauí (46 km2), Mato Grosso (41 km2), Goiás (40), Mato Grosso do Sul (29 km2) e Minas Gerais (21 km).
“Numa verificação mais detalhada por estados, observa-se que embora a Bahia esteja no topo da lista dos que mais desmataram consecutivamente desde o início do ano, no Maranhão houve um aumento estrondoso na taxa de desmate, a área perdida em abril foi 171% maior que aquela perdida no mesmo período do ano passado e 356% maior que a devastada em março. No Tocantins os dados são também preocupantes, revelam um aumento de mias de 180%, tanto em relação a março deste ano, quanto a abril do ano passado”, explica Cintia Cavalcanti, Analista do Programa de Cadeias Agropecuárias da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Amazônia Legal
Na Amazônia Legal houve queda de 8% na taxa de desmatamento em relação a março deste ano e 68% em relação a abril de 2022. A área desmatada na região totalizou 329 km2, representando o primeiro recuo nas taxas mensais do Deter observado desde o início do ano. Amazonas liderou o ranking dos estados com maiores áreas desmatadas, com 88 km2, seguido por Pará (86 km2), Mato Grosso (80 km2), Rondônia (46 km2), Roraima (16 km2) e Acre (7 km2).
A queda do desmate na região foi puxada pelo Amazonas, onde caiu 31% (39 km2) de março para abril, contudo o estado permaneceu como líder do ranking nos dois últimos meses. Em Roraima a taxa também caiu significativamente, 45% (13 km2). Em todos os demais estados houve aumento na comparação entre os dois períodos.
Até o momento, dados agregados de alertas de desmatamento identificados pelo Deter, mostram uma área perdida de 1173 km2 de janeiro a abril deste ano na região da Amazônia Legal, número 40% menor do que o apurado no mesmo período do ano anterior.
“A execução dos Planos de Combate ao Desmatamento e Controle chega em boa hora. Por mais que celebremos a redução do desmatamento em abril, é importante destacar que a taxa esteve alta todo o ano e o período de seca, quando os dados tendem a ser piores, acabou de começar” afirma Mauro.
Também na opinião do governo ainda é cedo para afirmar que a tendência irá prevalecer nos próximos meses. “Não é possível, dada a escala da análise e a cobertura de nuvens que interferem nessas medições, assegurar que esses números sejam definitivos. Entretanto, constituem importante ferramenta de planejamento e aprimoramento das ações para combater o desmatamento ilegal nesses biomas”, ponderou em nota o Ministério do Meio Ambiente ponderou na semana passada.
Segundo a pasta, uma apuração rigorosa dos alertas identificados deverá ser conduzida com o objetivo de identificar se os desmatamentos detectados foram autorizados pelos estados, os quais têm a competência de deliberar sobre autorizações de supressão de vegetação nativa. A verificação das bases legais das autorizações emitidas possibilitará a ação imediata do Ibama na autuação e embargo de áreas desmatadas sem autorização.