Chamado à Ação sobre Manejo Integrado do Fogo e Resiliência a Incêndios Florestais
O Brasil anunciou nesta semana o Chamado à Ação sobre Manejo Integrado do Fogo e Resiliência a Incêndios Florestais, iniciativa internacional assinada por 50 países para enfrentar de forma coordenada o avanço dos incêndios florestais em todo o mundo. A declaração reforça a necessidade de respostas conjuntas e multissetoriais, alinhadas aos princípios do multilateralismo, e propõe uma transição de políticas reativas para estratégias preventivas e integradas.
A implementação do acordo será conduzida pelo Global Fire Management Hub, sediado na FAO, que trabalhará em parceria com os países signatários e redes regionais para garantir suporte técnico e promover a troca contínua de conhecimento.
Entre as organizações brasileiras que manifestaram apoio à iniciativa está a Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, que assinou carta pública reconhecendo a importância do Chamado à Ação. A diretora e líder do Projeto Vozes Indígenas da instituição, Luciane Simões, destacou o caráter estratégico da declaração para o enfrentamento da crise climática.
“O Chamado à Ação sobre Manejo Integrado do Fogo e Resiliência a Incêndios Florestais representa um marco global em relação a um dos fenômenos mais determinantes para a crise climática — e também por ela desencadeado. No Brasil, a Amigos da Terra participou ativamente da construção da Lei de Manejo Integrado do Fogo, uma grande vitória para a sociedade brasileira, pois implementa medidas de prevenção ao mesmo tempo em que respeita o uso tradicional do fogo”, afirma Luciane Simões, Diretora e Líder do Projeto Vozes Indígenas.
Luciane também relembrou casos recentes que evidenciam a vulnerabilidade de povos tradicionais diante do agravamento das queimadas. Em 2024, o povo Tapayuna, que vive em duas áreas dentro do Parque Indígena do Xingu, teve suas roças destruídas pelo fogo. A seca intensificou as chamas, que devastaram árvores, fauna e plantações de mandioca, batata-doce, cará, melancia, abóbora e ervas medicinais.
Com o mercado mais próximo localizado a oito horas de viagem, a segurança alimentar da comunidade ficou comprometida, situação que levou a instituição a mobilizar uma campanha online emergencial.
“Agir pelo manejo do fogo é também olhar para as comunidades tradicionais que estão expostas a ele.”
— Luciane Simões


