Queimadas e desmatamento na Amazônia seguem em alta; Cerrado apresenta queda
Em março as queimadas na Amazônia aumentaram 78% em relação ao mesmo período do ano passado; o desmatamento apresentou um leve aumento de 11% se comparado ao ano anterior
Os três primeiro meses de 2023 não foram fáceis para a Amazônia. Após bater recorde no mês de fevereiro, o desmatamento e principalmente as queimadas continuam em alta em março. Dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), mostram que foram 356 km2 desmatados no mês, um aumento de 10% em relação a fevereiro e número 11% maior em relação ao mesmo período do ano passado.
Dentre os estados da região, o Amazonas foi o estado que teve a maior área desmatada, (126,85 km2), seguido do Pará (82,6 km2), Mato Grosso (79,6 km2), Rondônia (32,6 km2) e Roraima (29,5 km2).
“As operações intensas contra os garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, ilustram o desafio para combater a ilegalidade instaurada na Amazônia. Se com todos os aparatos e esforços direcionados em uma região, ainda assim a ilegalidade continua resistindo, imagine estender a fiscalização para toda a Amazônia. O desafio está posto e o governo não conseguirá vencer sozinho. É vital a mobilização de todos os setores para promover uma economia sustentável que torne a ilegalidade obsoleta”, resume o diretor executivo da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Mauro Armelin.
No ranking de municípios com maior área de desmatamento, os amazonenses ocuparam cinco dentre os dez lugares. Apuí/AM foi o primeiro da lista com 52 km2, seguido por Altamira/PA, com 31 km2, Canutama/AM (14,4 km2), Lábrea/AM (14,2 km2), Humaitá (12,3 km2) e Manicoré (10,4 km2).
Já o Pará foi o estado que teve o maior número de áreas de proteção desmatadas. Ocuparam os primeiros cinco lugares a Área de Proteção Ambiental do Tapajós (2,57 km2), a Floresta Nacional do Amanã (0,76 km2), a Reserva Extrativista Verde para Sempre (0,59 km2), a Floresta Nacional do Crepori (0,28 km2), Parque Nacional do Rio Novo (0,21 km2).
Queimadas na Amazônia Legal
Em março foram registrados 1385 focos ativos de fogo na Amazônia Legal. O número significa um aumento de 78% em relação ao mesmo período do ano passado e de quase 37% em relação ao mês de fevereiro.
Os focos de queimadas se concentraram no Mato Grosso e Roraima, onde foram detectados 576 e 505 focos de queimadas, respectivamente. No Mato Grosso, o número representa uma alta de 12% em relação a fevereiro e de 6% em relação a março do ano passado. Já em Roraima, o aumento no número de focos na comparação com períodos anteriores foi ainda mais significativo – seis vezes maior que o detectado em março de 2022 (81) e três vezes maior do que o registrado em fevereiro deste ano (168).
Os números também chamam a atenção em outros estados. No Maranhão foram detectados 106 focos de fogo em março, número 2 vezes maior que a média observada para a série histórica iniciada em 1998 e o observado em março do ano passado.
No Pará e em Rondônia o número de focos de fogo foi recorde, 94 e 38, respectivamente. No primeiro estado o número foi o maior desde 2010 e, no segundo, o maior desde o início da série histórica, em 1998.
Em Tocantins, foram registrados 77 focos, número que representa um aumento de 57% em relação ao mesmo período do ano passado e 35% em relação à média mensal.
Queda no desmatamento do Cerrado
No Cerrado a área desmatada no mês de março foi de 376 km2, a tendência foi de queda. A área desmatada foi 32,6% menor em relação a fevereiro e 27% menor em relação ao mesmo período do ano anterior.
Somente na Bahia foram desmatados 143,4 km2, o que representa 38% da área desmatada no bioma no período. Em conjunto, os estados que compõem a região do Matopiba responderam por 70% do desmatamento. O restante da área desmatada no Cerrado se dividiu entre Mato Grosso (8,1%), Mato Grosso do Sul (7,9%), Minas Gerais (6%) e Goiás (5%) e Pará (3%).
No ranking de municípios do Cerrado com os maiores índices de desmatamento no mês de março, os quatro primeiros colocados foram os municípios baianos de São Desidério, Jaborandi, Correntina e Barreiras, que juntos registraram 109 km2, ou seja 76% da área desmatada no estado.
Participe! PPDCAm em Consulta Pública
O governo federal abriu consulta pública para o novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPDCAm). É uma oportunidade para que a sociedade civil contribua com as políticas de combate ao desmatamento opinando, até o dia 26 de abril. Lançado em 2004, o plano foi o principal responsável pela redução de 63,5% da taxa de desmatamento até 2019, quando foi extinto pelo governo anterior.